quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O ritmo da Indonesia

Quando olho para o meu passado, encontro uma mulher bem parecida comigo - por acaso, eu mesma - porém essa mulher sabia menos, conhecia menos lugares, menos emoções. [Martha Medeiros]



Confesso que demorei algum tempo para conseguir colocar a Indonesia no papel. Mas acho que sei porque. Quando viajamos para um lugar novo queremos desbravar, conhecer e achar aquilo que é novo e diferente da nossa rotina.  O que eu achei de diferente na Indonesia foi eu mesma e o meu ritmo de viagem, claro, influenciada pelo clima do país.

O pré-aeroporto já dizia um pouco.  Mala pronta em meia hora, ansiedade zero e nenhuma pressa no caminho para pegar o avião. A minha única expectativa era que Bali continuasse me proporcionando essa tranquilade. Uma viagem nada planejada que foi acontecendo da melhor forma. Curti o meu tempo e descobri o meu ritmo. Algo que só a Indonesia soube me mostrar.

Cheguei. Centro de Bali, Kuta, Legian e Seminiak. Uma feira hippie gigante, pessoas indo e vindo o tempo todo, balineses oferecendo até a alma e uma praia longe do que chamam de paraíso. Uma caminhada de duas horas pela areia preta e no final do dia a recompensa: um por do sol sem palavras com o maior sol já visto no cocktail bar Ku de Ta. Enquanto a noite caia, saímos do movimento e seguimos para Ubud, aquele vilarejo onde se passa a história do livro Comer, Rezar e Amar.



Éramos quatro meninas. O vilarejo, com sua arquitetura hindu, é habitado por nativos amigáveis e macaquinhos ladrões, mostrando a parte cultural de Bali, que por sinal me deixou bem animada pra um Yoga com vista para os campos de arroz. Tivemos até aquela conversa com o lendário guru do filme, o Ketut Lyiar. Cada uma curtia da forma que queria, uma na massagem, outra na piscina, uma no yoga, outra nas lojinhas. O ritmo era acordar cedo, aproveitar o dia e sentir o sono vindo logo depois do jantar. É, nada de festas. Afinal, era o ritmo que Ubud nos permitia ter. E eu estava adorando.



Depois de três dias, a tranquilidade mudou de cenário. Chegamos no paraíso dos surfistas, ou melhor, paraíso dos surfistas brasileiros: Uluwatu e Padang Padang. As ruas de terra ligam uma praia na outra, as vilas são simples e aconchegantes, e os receptivos balineses, que aprenderam a falar português devido à demanda, não perdiam a chance de dizer oi gatinha bonita toda vez que passávamos. Até arroz com feijão se come por lá, e que idéia boa teve esse brasileiro de abrir um PF Brasil em um casebre logo atrás da praia dos surfistas. Céu azul, sol quente e de duas uma: ou surfa ou relaxa.  Mais uma vez o ritmo do lugar me contagiou e eu arrumei dois balineses com a boa vontade (por poucos dólares) de ficar 5 horas naquele mar azul me ensinando a surfar. Resultado: caldos e mais caldos, queimadura de sol, dores muscular, barriga ralada, e a conclusão de que mesmo assim eu quero mais.



Quatro dias se passaram e o destino final: Gili Island, ou posso chamar de paraíso? Sim, de todos os lugares, foi o melhor, e mais bonito, e mais azul, e mais gostoso, e mais feliz!  Saímos do hinduísmo de Bali e fomos, em um speed boat, para uma ilha mulcumana na Indonésia, onde ficamos até o final da viagem. Gili Island nao tem onda para surfista, mas é o mar mais incrível que já vi. A ilha principal tem só uma rua, e é onde se acha peixes frescos, sorvete italiano, cineminha pé na areia, bangalôs de frente para ao mar, casa na árvore, e tudo aquilo que me fez trocar uma viagem de drinks e baladas, por uma viagem relaxante e de qualidade.




Agora eu entendo porque muita gente volta a Bali várias vezes. Eu vou fazer o mesmo. É o lugar perfeito para escolher o seu ritmo, seja ele qual for, recarregar as energias e sentir um enorme prazer em estar bem para ver e viver todo esse paraíso.