segunda-feira, 9 de maio de 2011

Brazilians na Australia



Harbour Bridge

Que dia gostoso de acordar e levantar da cama. Domingo azul e ensolarado de outono, e aquela vontade de fazer alguma coisa diferente. 

Podia ter sido mais um rotineiro dia de domingo, daqueles que curtimos o ócio e deixamos o dia correr, sofrendo antecipadamente pela volta da segunda-feira. Mas não hoje, não aqui na Austrália. Fiz o que todo viajante gosta de fazer: mudar a rotina mudando o cenário. 

Reunimos as amigas, novas e antigas, e fomos atravessar a cidade, do sul para o norte, pelo mar. De Bondi à Manly, de ferry boat. Em menos de meia hora, estávamos "longe", com outra energia. Passeamos um pouco e sentamos de frente para o mar, em um bar local. E uma conversa me fez pensar nos pontos em comum divididos pelos brasileiros que arriscaram viver aqui. 

Sempre acreditei que as amizades se tornam verdadeiras quando as vidas são compartilhadas. E ninguém quer compartilhar idéias, momentos e sentimentos com pessoas que nada tem a oferecer. Escolhemos amigos e amores por, em algum ponto, nos identificarmos. Não que devemos ser ou pensar da mesma forma, muita vezes até buscamos no outro aquilo que nos falta. Mas essa busca já é o ponto em comum.

Venho reparando que ao viver em outro país parece mais fácil se relacionar com os brasileiros. Nós nos atraímos e ficamos próximos, e posso dizer, amigos em um espaço mais curto de tempo. No Brasil uma amizade que levaria talvez anos para ser o que é aqui leva meses ou até semanas.

O motivo é, sem dúvida, o fato de dividirmos o nosso mais forte ponto em comum: a coragem de ter abandonado o Brasil para viver uma nova cultura. São pessoas que deixaram um bom emprego, uma faculdade, um namorado, a família. Pessoas que trocaram o certo pelo incerto, movidos pelo desejo de conhecer um pouco mais do mundo.

Conheço gente que não trocaria o Brasil por nada, outras que preferem viagens de turismo, outras que tem medo. Mas quem está aqui, do outro lado, jogou tudo pro alto e veio. E se continua carregando um sorriso no rosto, já compartilha, só por este motivo, o maior ponto em comum com a maioria.

Cada um com seus motivos, cada um com sua história. É como se estivéssemos começando a vida do zero, construindo aos poucos amizades, amores, trabalhos, enfim, uma vida. Melhor ainda, com toda a bagagem de lembranças e sentimenos que trazemos do Brasil. 

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Saudade

Uma de minhas saudades

As vezes sinto falta da minha vida no passado. Não de um específico momento, mas de todos. Até os ruins, até os que não fizeram muita diferença, até os momentos entediantes. Fico pensando e tentando saber do que sinto falta, e não chego a nenhuma conclusão. Mas se eu pudesse descrever meu sentimento com uma palavra, seria SAUDADE.

Saudade de um lugar, saudade de uma pessoa, saudade de um tempo. Mas todas essas saudades dizem a mesma coisa: nós sentimos saudades de nós mesmos. Não é o lugar, mas o que você viveu naquele lugar. Não a pessoa, mas os momentos compartilhados, não o tempo, mas você mais novo.

Nós estamos constantemente mudando, e tudo que passa fica na memória como lembrança de nós mesmos. Você pode estar ao lado de uma pessoa, e ainda assim estar com saudade dela, na lembrança de um momento que já passou. O mesmo quando se sente saudade de um lugar, você pode arriscar voltar lá e ainda assim continuar com saudades. Se a saudade fosse apenas de lugares e pessoas seria fácil matá-la. Mas a saudade é eterna. É uma busca que nunca termina. Saudade do tempo que não volta.

Não estou falando que a saudade é um sentimento ruim. Depende de como você encara essa mudança de momentos. Eu mesma já me peguei várias vezes falando que estava com saudade de um tempo, mas que não queria vive-lo de novo, que ali na memória era agora o seu melhor lugar. Mas também já senti saudades de querer abandonar tudo para voltar em um certo momento. E tem vezes que simplesmente eu não sei distinguir essa saudade.

Hoje é uma dessas vezes. Sei que estou com saudade. Saudade de mim, da minha infância, da minha família naquele tempo, saudade do tempo de colégio, dos momentos com as amigas que não tenho mais contato, e até das que mantenho. Saudade da faculdade, saudades do meu irmão, do meu pai. Saudades das minhas tardes livres no sofá e até das ocupadas no trabalho. Saudade das férias. Saudades do Brasil.

Mas posso falar? Senti uma saudade muito grande da Austrália. Dos meus primeiros passos, de não saber qual era a próxima rua, como seria o próximo dia na escola ou no trabalho. Saudade da adrenalina de estar em um novo país, distante, falando outra língua. Saudade da novidade. Saudade de gostar de ficar sozinha. Saudades do contato frequente com o Brasil. Saudade da primeira casa, da segunda, da terceira. Saudade de quem já voltou.

Se é uma saudade boa ou ruim, não sei dizer. Mas sei que hoje um cheiro, uma música e uma sensação me fizeram voltar em todos esses lugares que mencionei. E sei que daqui algum tempo é do dia de hoje, e tudo que ele envolve, que vou sentir saudades. 

O Final do Verao

Bondi Beach no outono (Muito diferente do verao ne?)


Mais um ciclo que vai se fechando. O verão se despede da praia, das roupas leves, do sol e do mar. E mais um inverno se aproxima com a proposta de filmes, vinhos, casa e muito trabalho. Aqui na Austrália é mais ou menos assim, principalmente para nós que não somos residentes.

Pessoas trocando as praias pelas horas de trabalho, as ruas menos movimentadas, poucos restaurantes abertos, e menos barulho na rua. Programas como cozinhar em casa, cinemas e chocolates quente já começam a tomar a cena. Casacos saem das malas e dos armários, as janelas sao fechadas e o vento frio na rua é sentido.

No verão a felicidade parece falar mais alto. Sorrisos no rosto, praia cheia, churrascos, passeios a pé, a vista do por-do-sol, o dia longo. Parece sempre existir tempo para tudo. Um simples dia ensolarado já é motivo para um sorriso. Dia sem trabalho não é mais um problema. No verão, o sábado e a segunda-feira não são tão diferentes assim.

Infelizmente este último verão em Sydney foi muito curto, se fazendo presente apenas em dezembro, janeiro e fevereiro. Apesar disso, dias de 40 graus não passaram despercebidos e a vontade daquele  friozinho ia aumentando aos poucos. Hoje eu me dei conta que aqui estou novamente, no inverno australiano.

É agora a hora de trabalhar, salvar dinheiro e se preparar para as próximas viagens. Frequentar mais as aulas, começar a academia, chegar em casa cansado.  O inverno não é de tudo tão ruim assim. Nós usamos mais o corpo, mas descansamos a cabeça. É engraçado, mas sempre tive a impressão de que somos mais responsáveis no inverno. Precisamos dele para fazer um balanço da nossa vida, e dar uma resgatada nas energias.

Além do que, quem não gosta de curtir um filme ou um livro debaixo das cobertas em um domingo frio de inverno? Ou um chocolate no café da praia, e um cinema com pipoca? Eu amo o verão mas já estava sentindo falta do vinho tinto e das noites de música e conversas na minha casa.

Seja bem vindo, Inverno. 

domingo, 1 de maio de 2011

Descomplicando



Todo mundo já cansou de ouvir pessoas dizendo o quanto a vida é complicada. Até nós mesmos vez ou outra. É normal do ser humano querer sempre além, e se sentir insatisfeito com aquilo que tem. Parece carma, mas quanto mais se reclama, mais a vida se complica.

Muito cômodo colocar a culpa na “vida” se a nossa vida é aquilo que fazemos dela. Não tem segredo, se ela está complicada é porque você está complicando. Depende de nós encarar um fato como complicado e certamente empurrar com a barriga será o primeiro passo para transformar a situação em um problema.

Cá para nós, é muito mais fácil reclamar do que ir a luta. Mas estamos reclamando para quem e esperando o que? Acredite, ninguém irá resolver todos os seus problemas. Já parou para pensar que ao mudar uma situação ruim, a primeira beneficiada, e talvez a única, será você?

Sofremos muito por antecipação e acabamos atraindo aquilo que não queremos.  Reclamamos da rotina, e da falta da rotina. Reclamamos de trabalhar de mais, e de trabalhar de menos. Reclamamos quando saímos muito, e quando ficamos em casa. Reclamamos por ter muitos afazeres e reclamamos do ócio. Reclamamos do muito, do pouco e até do mais ou menos.

Desse jeito fica realmente difícil encontrar a felicidade. Não é na balada de sábado que você vai encontrá-la, e nem em casa. Não é no trabalho, e nem na preguiça. Meio clichê, mas só se encontra a felicidade dentro da gente. Ela está sempre ali, e você tem contato com ela todos os dias desde que acorda. Seja na hora de comer uma coisa bem gostosa, ou em um gesto educado de um desconhecido na rua.

Sei que só isso não basta. Queremos mais. Queremos rir até chorar, queremos abraçar, beijar, gritar de alegria. Queremos todo mundo feliz ao mesmo tempo. Mas o primeiro passo para isso é começar rindo sozinha.

Resgate todo pequeno gesto que te deixou feliz e aumente a importância dele na sua vida. Use sua energia com o que te deixa bem. Esqueça o que te puxa pra baixo. Comece com pouco, e vá vivendo um dia de cada vez.  Mergulhe nos detalhes e na simplicidade da vida e você verá que a felicidade está nas pequenas coisas.