segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Namaste



Saúde, harmonia e felicidade - Com carinho e cuidado venho falar da minha mais nova realização: o Yoga. Sempre ouvi falar mas nunca tive muita paciência.  Isso porque quando queria mudanças físicas e mentais eu procurava alternativas rápidas, que por sinal, nunca eram duradouras.

Então resolvi tentar o Yoga, sem nenhum compromisso. Na primeira semana já comecei a perceber uma melhora física e o bem-estar. Confesso que a primeira aula não foi fácil, pensei em desistir, mas a sensação do “após” me fez voltar no outro dia. E nos outros dias, e nas outras semanas, e nos outros meses.

Aos poucos fui encorporando as mudanças que eu estava trazendo para minha vida, com muito sentido e encaixe. Aumentei minha vitalidade, melhorei a alimentação e percebi que tomar decisões tinha se tornado natural e mais fácil.  Foi então que comecei a entender essa tal relação entre o corpo e a mente.

O Yoga é um guia, e ensina também o que fazer quando se está fora das aulas. Qualquer que seja sua intenção, quando se fazem mudanças positivas com base na autopercepção, é possível conectar-se com seu eu verdadeiro e entender por que se faz isso.


Mudar ou transformar?

Muitas vezes, as nossas mudanças nao passam de uma mera agitação de mentes inquietas, que no final, não nos transformam em nada. Já a transformação é mais intensa pois implica em deixar muitos valores e comportamentos para trás.

A minha dica é começar aos poucos, incorporando pequenas mudanças e simples atitudes à uma rotina que aumente o seu bem-estar. Não tenha dúvidas que a transformação vai chegar naturalmente.

Mudar é a pergunta, transformar é a resposta. Mudar é lagarto, transformar é camaleão. Mudar é remédio, transformar é cura. Mudar é unilateral, transformar é multidimensional. Mudar é ginástica, transformar é Yoga. Mudar é pra hoje, transformar é pra sempre.


Namastê Yoga
[Para quem não sabe, Nama significa reverência, as significa eu, te significa voce. A tradução do que eu disse seria “Eu me curvo a você, Yoga”]

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O ritmo da Indonesia

Quando olho para o meu passado, encontro uma mulher bem parecida comigo - por acaso, eu mesma - porém essa mulher sabia menos, conhecia menos lugares, menos emoções. [Martha Medeiros]



Confesso que demorei algum tempo para conseguir colocar a Indonesia no papel. Mas acho que sei porque. Quando viajamos para um lugar novo queremos desbravar, conhecer e achar aquilo que é novo e diferente da nossa rotina.  O que eu achei de diferente na Indonesia foi eu mesma e o meu ritmo de viagem, claro, influenciada pelo clima do país.

O pré-aeroporto já dizia um pouco.  Mala pronta em meia hora, ansiedade zero e nenhuma pressa no caminho para pegar o avião. A minha única expectativa era que Bali continuasse me proporcionando essa tranquilade. Uma viagem nada planejada que foi acontecendo da melhor forma. Curti o meu tempo e descobri o meu ritmo. Algo que só a Indonesia soube me mostrar.

Cheguei. Centro de Bali, Kuta, Legian e Seminiak. Uma feira hippie gigante, pessoas indo e vindo o tempo todo, balineses oferecendo até a alma e uma praia longe do que chamam de paraíso. Uma caminhada de duas horas pela areia preta e no final do dia a recompensa: um por do sol sem palavras com o maior sol já visto no cocktail bar Ku de Ta. Enquanto a noite caia, saímos do movimento e seguimos para Ubud, aquele vilarejo onde se passa a história do livro Comer, Rezar e Amar.



Éramos quatro meninas. O vilarejo, com sua arquitetura hindu, é habitado por nativos amigáveis e macaquinhos ladrões, mostrando a parte cultural de Bali, que por sinal me deixou bem animada pra um Yoga com vista para os campos de arroz. Tivemos até aquela conversa com o lendário guru do filme, o Ketut Lyiar. Cada uma curtia da forma que queria, uma na massagem, outra na piscina, uma no yoga, outra nas lojinhas. O ritmo era acordar cedo, aproveitar o dia e sentir o sono vindo logo depois do jantar. É, nada de festas. Afinal, era o ritmo que Ubud nos permitia ter. E eu estava adorando.



Depois de três dias, a tranquilidade mudou de cenário. Chegamos no paraíso dos surfistas, ou melhor, paraíso dos surfistas brasileiros: Uluwatu e Padang Padang. As ruas de terra ligam uma praia na outra, as vilas são simples e aconchegantes, e os receptivos balineses, que aprenderam a falar português devido à demanda, não perdiam a chance de dizer oi gatinha bonita toda vez que passávamos. Até arroz com feijão se come por lá, e que idéia boa teve esse brasileiro de abrir um PF Brasil em um casebre logo atrás da praia dos surfistas. Céu azul, sol quente e de duas uma: ou surfa ou relaxa.  Mais uma vez o ritmo do lugar me contagiou e eu arrumei dois balineses com a boa vontade (por poucos dólares) de ficar 5 horas naquele mar azul me ensinando a surfar. Resultado: caldos e mais caldos, queimadura de sol, dores muscular, barriga ralada, e a conclusão de que mesmo assim eu quero mais.



Quatro dias se passaram e o destino final: Gili Island, ou posso chamar de paraíso? Sim, de todos os lugares, foi o melhor, e mais bonito, e mais azul, e mais gostoso, e mais feliz!  Saímos do hinduísmo de Bali e fomos, em um speed boat, para uma ilha mulcumana na Indonésia, onde ficamos até o final da viagem. Gili Island nao tem onda para surfista, mas é o mar mais incrível que já vi. A ilha principal tem só uma rua, e é onde se acha peixes frescos, sorvete italiano, cineminha pé na areia, bangalôs de frente para ao mar, casa na árvore, e tudo aquilo que me fez trocar uma viagem de drinks e baladas, por uma viagem relaxante e de qualidade.




Agora eu entendo porque muita gente volta a Bali várias vezes. Eu vou fazer o mesmo. É o lugar perfeito para escolher o seu ritmo, seja ele qual for, recarregar as energias e sentir um enorme prazer em estar bem para ver e viver todo esse paraíso.


sábado, 6 de agosto de 2011

Valeu Thailandia


Cada vez que eu pensava na Thailandia me vinha uma imagem diferente. As conversas com os amigos que já tinham ido me confudiam ainda mais. Ora bagunça, ora paisagens deslumbrantes, ora cultura e os templos, ora festas e a full moon party.
Hoje posso falar que a minha Thailandia foi tudo isso. Metade Hangover part II metade A Praia. E diferente do que eu imaginava foi menos cultura, e mais vida. Menos pesquisa, e mais sensação. Menos glamour e mais Bahia. Foi o que os três vilarejos thailandeses me fizeram chamar de férias.
Valeu Koh Phangan, as festas a beira mar, os shows de pirofagia, as roupas coloridas. Valeu a psicina de frente para o mar, os dias ensolarados, os charmosos restaurantes. Valeu o baldinho de redbull, os mergulhos noturnos e a brilhante lua cheia que nos lembrava o motivo da festa.
Valeu Koh Tao, a pousada mais gostosa, a thai massagem diária, o luau nas areias brancas. Valeu o shake de fruta, as inúmeras águas de côco, a Chang, a Singha, a Tiger. Valeu até a viagem de oito horas mal dormidas no porão de um navio negreiro.
Valeu Koh Phiphi, os dias tranquilos, o azul e verde do mar, os passeios de barco. Valeu o mergulho, os peixes coloridos e os 50 metros de nadada até A Praia. Valeu a rota do tsunami, os macacos ladrões e o pôr-do-sol de tirar o folêgo.  Valeu até a tempestade de chuva, a câmera quase perdida e o muay thai fora do ringue.
Valeu Puket e o passeio de elefante. Valeu Bangkok e o show de ping pong. Valeu pelos incontáveis Pad Thais, pelos passeios de tuk tuk, pelas compras sem fim e pelo sucesso nas negociações. 
Valeu Thailandia, por tudo isso e mais um pouco daquilo que ficou guardado nas fotos, na lembrança e no coração de cinco brasileiras na primeira (de muitas) visitas a este país de “ginga baiana, aguas caribenhas e publico europeu”.




Kop khun kha Thailand.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Apaixonante Bondi

[Escrevi este texto em Julho/2010, no meu primeiro inverno australiano e ainda hoje continuo encontrando motivos para me apaixonar por este lugar]



Segunda-feira, day off, sem trabalho na loja, sem trabalho no Pub, sem aula. Uma segunda-feira precedida por uma sexta de vinhos e baralho, um sábado de trabalho e um domingo azul nas graminhas de North Bondi. Quando eu acordei eu tinha duas escolhas, e fiquei uns bons minutos na cama pensando qual seria a melhor: ficar dentro de casa entre televisão e internet ou um passeio por Bondi, a minha deliciosa vizinhança! Optei pela segunda.  Tomei um café da manha, rabo alto no cabelo, chinelo hawaiana, calca jeans e um casaquinho xadrez. Tudo que, devido ao dia ensolarado, me fazia lembrar o verão, ou pelo menos lembrar que alguma hora ele estava por vir. Mesmo sabendo que eu estava no meio inverno. 
O que eu sinto quando ando pelas ruas de Bondi não consigo expressar em palavras, é um sentimento bom de qualidade de vida, de descontração, de novidade. Parei por alguns minutos na praia e sentei de frente para o mar. Olhando aquela infinita linha azul eu me perdi. Tentei enxergar o Brasil, e consegui em pensamento. Me dei conta, mais uma vez, que estou do outro lado mundo. Eu ia vir pra Australia, eu ia cruzar o oceano, eu ia viajar, e aqui estou.  Subi mais um pouco, e tive a vista que eu queria. O mar e Bondi. A minha sensação me fez lembrar uma conversa.
Alguns anos atrás tive uma conversa com minha mãe sobre paixão. Eu falava sobre relacionamento, e como achava difícil um casal permanecer apaixonado para sempre. Eu indaguei por uma solução. O amor se transforma, falava ela. “O segredo da vida é manter-se apaixonada.  Seja apaixonada pelo trabalho, pela cidade, pela nova casa, pelo amigo, pela família. E quando uma paixão se transformar em um sentimento sereno, ache um outro motivo para se apaixonar”.
Hoje entendo que paixao é alegria, é rir atoa, é se surpreender a cada movimento novo, a cada ação, a cada possibilidade de amor. Apaixonar é amar a novidade. Aquilo que desperta a curiosidade. É uma incerteza, mas a incerteza boa, a dúvida esperançosa, a descoberta.
Bondi é apaixonante. O meu sentimento agora é de ser apaixonada por essa nova vida. Austrália, Sydney, Bondi Beach, Rasmgaste Av. e tudo que isso envolve. Comecou a chuva, eu me voltei para o bairro tranquilamente e fui passear pelas ruas. Entre conversas com a vendedora da loja local, visitas a livraria e videolocadora, e a rotineira presença no supermercado, vim sorrindo e admirando cada novo passo. Vou relaxar, comer algo gostoso, assistir o new release alugado... e debaixo da coberta nesse inverno gelado vou curtindo da minha forma mais gostosa mais uma segunda-feira off em Bondi Beach.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Road Trip

Um dos melhores “destinos” de viagem, na minha opinião, chama-se road trip. Não importa para onde nem quando, inverno, verão, praia ou montanha. O divertido é o caminho percorrido e os destinos podem ser vários. O nome diz tudo, viagem de estrada.

Para brindar o início do ultimo verão na Austrália eu e quatro amigas alugamos um motorhome e fomos subir a costa leste, com a idéia de entregá-lo em Brisbane e voltar de avião. Lindo né? Sim. Se você esquecer que eram cinco mulheres que nunca tinham dirigido do lado “contrário” (principalmente um caminhão) e não entendiam nada de automóveis.



Começamos. Motorhome ligado, trânsito na saída de Sydney, “tendencias” para o lado esquerdo e a pergunta que não queria calar: "de quem foi mesmo a idéia de alugar um motorhome?" Até que alguns minutos se passaram e enfim pegamos a Pacific Highway. Relax, música alta e tudo virou festa.

Céu azul e dia quente, as primeiras paisagens correndo aos nossos olhos e então, o primeiro stop: Coffs Harbour ? Não! O acostamento. Paramos para consertar a caixa de gás que estava quebrada, e após inúmeras ligações inúteis para a central de ajuda da empresa (não sabemos os nomes das pecas em português, imagina em ingles?) fomos em uma fazenda pedir um help. Continuamos seguindo e chegamos nas belíssimas praias de Coffs Harbour. A primeira noite merecia descanso. No camping, muito bem estrutado, fizemos um jantar e apagamos.













Renovadas e com a animação a mil, continuamos na estrada rumo a Byron Bay. Por lá estacionamos a “coisa” e só voltávamos a noite para dormir. Que energia tem Byron Bay! Praias, bagunça, hippie nights, passeio ao farol, e claro, Chicky Monkeys. Foi, sem dúvidas, a cidade que mais nos divertimos.
















Tres dias depois, dirigimos mais 90 km e chegamos em Gold Coast. Um pit stop em Coolangata para almoçar e de lá, Surfers Paradise, especificamente para o pub Melbas com direito a free champagne e ostras. No dia seguinte como não deu praia, ficamos por conta de shopping all day. O problema é que dormimos com chuva. Literalmente. Chovia em toda a Gold Coast e chovia dentro do motorhome. Nem para dormir ele estava servindo mais. Foi a gota d`agua.




Atraves de contatos, conheci o Patrick na minha primeira visita à Austrália. O Patrick deve ter uns 40 anos, é médico, australiano e mora sozinho em Brisbane, em uma casa de três andares. Quando ele ficou sabendo do episódio “o motorhome” nos convidou para ficar na casa dele. Na hora certa. Devolvemos o trailer e aí sim conseguimos aproveitar Brisbane: fluffy night, “praia” de Southbank, churrasco brasileiro e muito conforto.






Para finalizar a viagem nós optamos pelo ônibus e depois de uma hora chegamos no último destino: Noosa Heads– Sunshine Coast. Dois dias maravilhosos, praia até 9 horas da noite, festas no backpacker, almoços de frente ao mar. E da melhor forma, despedimos do roteiro.





Se me chamarem para uma outra Road Trip, topo na hora. Mas da próxima vez, vou optar por um carro! Ou por um homem.  


terça-feira, 14 de junho de 2011

Até na Austrália

Eram 7:30 da manha e meu despertador tocando. Quando abri os olhos e olhei pela janela percebi que estava tudo errado. Feriado nacional, aniversário da Rainha, depois de um fim de semana badalado e ainda por cima ventando e chovendo?

Como eu esqueci que não era uma segunda-feira normal, e sim outro domingo para os meros mortais, fiquei horas no ponto esperando o onibus passar no horário de sempre. Nada. Acabei pegando o trem e mesmo assim cheguei atrasada, o que não é muito legal quando é você que abre a loja.

O movimento estava fraco e poucos clientes compravam, afinal ninguém queria saber de sapato no dia do aniversário da rainha ne? E ainda me liga minha chefe com a notícia de que ninguém iria cobrir o meu almoço, e que eu teria que ficar ali mesmo, sozinha, em pé, por 8 horas. E assim foi.

Já eram quase 18h quando peguei minha bolsa e meu casaco e coloquei em cima do caixa para comecar o procedimento de fechar. Counting, banking, sales figures, e eu ansiosa pra ir embora, acabei fechando o 
sistema 3 minutos antes. Eis que me aparece um “cliente” querendo olhar bolsas pra mãe dele.

Era o que me faltava ne? Ter que fazer todo o procedimento de contagem de novo, mas tudo bem, comecei a ajudar o garoto. Ele me perguntava o preço de cada bolsa e o material que era feito. Até que ele me pede para pegar uma em um lugar estratégico, e quando me virei para entregar a bolsa, cadê o garoto? Saiu correndo.

Demorou uns dois minutos para cair minha ficha e antes disso, fechei a loja e o computador. Quando apaguei as luzes e fui pegar minhas coisas, onde estava minha bolsa? Sim, um garoto de 15 anos, ozzy diga-se de passagem, roubou meu celular, $180 dolares, minha carteira de motorista e meus cartões.

Voce pensava que isso não acontecia na Austrália? Eu tambem. Como brasileira sei que ele não roubou por necessidade então prefiro acreditar que ele deu de presente para a Rainha. Mas para mim, esse feriado de segunda-feira 13 estava mais para sexta-feira 13.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Brazilians na Australia



Harbour Bridge

Que dia gostoso de acordar e levantar da cama. Domingo azul e ensolarado de outono, e aquela vontade de fazer alguma coisa diferente. 

Podia ter sido mais um rotineiro dia de domingo, daqueles que curtimos o ócio e deixamos o dia correr, sofrendo antecipadamente pela volta da segunda-feira. Mas não hoje, não aqui na Austrália. Fiz o que todo viajante gosta de fazer: mudar a rotina mudando o cenário. 

Reunimos as amigas, novas e antigas, e fomos atravessar a cidade, do sul para o norte, pelo mar. De Bondi à Manly, de ferry boat. Em menos de meia hora, estávamos "longe", com outra energia. Passeamos um pouco e sentamos de frente para o mar, em um bar local. E uma conversa me fez pensar nos pontos em comum divididos pelos brasileiros que arriscaram viver aqui. 

Sempre acreditei que as amizades se tornam verdadeiras quando as vidas são compartilhadas. E ninguém quer compartilhar idéias, momentos e sentimentos com pessoas que nada tem a oferecer. Escolhemos amigos e amores por, em algum ponto, nos identificarmos. Não que devemos ser ou pensar da mesma forma, muita vezes até buscamos no outro aquilo que nos falta. Mas essa busca já é o ponto em comum.

Venho reparando que ao viver em outro país parece mais fácil se relacionar com os brasileiros. Nós nos atraímos e ficamos próximos, e posso dizer, amigos em um espaço mais curto de tempo. No Brasil uma amizade que levaria talvez anos para ser o que é aqui leva meses ou até semanas.

O motivo é, sem dúvida, o fato de dividirmos o nosso mais forte ponto em comum: a coragem de ter abandonado o Brasil para viver uma nova cultura. São pessoas que deixaram um bom emprego, uma faculdade, um namorado, a família. Pessoas que trocaram o certo pelo incerto, movidos pelo desejo de conhecer um pouco mais do mundo.

Conheço gente que não trocaria o Brasil por nada, outras que preferem viagens de turismo, outras que tem medo. Mas quem está aqui, do outro lado, jogou tudo pro alto e veio. E se continua carregando um sorriso no rosto, já compartilha, só por este motivo, o maior ponto em comum com a maioria.

Cada um com seus motivos, cada um com sua história. É como se estivéssemos começando a vida do zero, construindo aos poucos amizades, amores, trabalhos, enfim, uma vida. Melhor ainda, com toda a bagagem de lembranças e sentimenos que trazemos do Brasil. 

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Saudade

Uma de minhas saudades

As vezes sinto falta da minha vida no passado. Não de um específico momento, mas de todos. Até os ruins, até os que não fizeram muita diferença, até os momentos entediantes. Fico pensando e tentando saber do que sinto falta, e não chego a nenhuma conclusão. Mas se eu pudesse descrever meu sentimento com uma palavra, seria SAUDADE.

Saudade de um lugar, saudade de uma pessoa, saudade de um tempo. Mas todas essas saudades dizem a mesma coisa: nós sentimos saudades de nós mesmos. Não é o lugar, mas o que você viveu naquele lugar. Não a pessoa, mas os momentos compartilhados, não o tempo, mas você mais novo.

Nós estamos constantemente mudando, e tudo que passa fica na memória como lembrança de nós mesmos. Você pode estar ao lado de uma pessoa, e ainda assim estar com saudade dela, na lembrança de um momento que já passou. O mesmo quando se sente saudade de um lugar, você pode arriscar voltar lá e ainda assim continuar com saudades. Se a saudade fosse apenas de lugares e pessoas seria fácil matá-la. Mas a saudade é eterna. É uma busca que nunca termina. Saudade do tempo que não volta.

Não estou falando que a saudade é um sentimento ruim. Depende de como você encara essa mudança de momentos. Eu mesma já me peguei várias vezes falando que estava com saudade de um tempo, mas que não queria vive-lo de novo, que ali na memória era agora o seu melhor lugar. Mas também já senti saudades de querer abandonar tudo para voltar em um certo momento. E tem vezes que simplesmente eu não sei distinguir essa saudade.

Hoje é uma dessas vezes. Sei que estou com saudade. Saudade de mim, da minha infância, da minha família naquele tempo, saudade do tempo de colégio, dos momentos com as amigas que não tenho mais contato, e até das que mantenho. Saudade da faculdade, saudades do meu irmão, do meu pai. Saudades das minhas tardes livres no sofá e até das ocupadas no trabalho. Saudade das férias. Saudades do Brasil.

Mas posso falar? Senti uma saudade muito grande da Austrália. Dos meus primeiros passos, de não saber qual era a próxima rua, como seria o próximo dia na escola ou no trabalho. Saudade da adrenalina de estar em um novo país, distante, falando outra língua. Saudade da novidade. Saudade de gostar de ficar sozinha. Saudades do contato frequente com o Brasil. Saudade da primeira casa, da segunda, da terceira. Saudade de quem já voltou.

Se é uma saudade boa ou ruim, não sei dizer. Mas sei que hoje um cheiro, uma música e uma sensação me fizeram voltar em todos esses lugares que mencionei. E sei que daqui algum tempo é do dia de hoje, e tudo que ele envolve, que vou sentir saudades. 

O Final do Verao

Bondi Beach no outono (Muito diferente do verao ne?)


Mais um ciclo que vai se fechando. O verão se despede da praia, das roupas leves, do sol e do mar. E mais um inverno se aproxima com a proposta de filmes, vinhos, casa e muito trabalho. Aqui na Austrália é mais ou menos assim, principalmente para nós que não somos residentes.

Pessoas trocando as praias pelas horas de trabalho, as ruas menos movimentadas, poucos restaurantes abertos, e menos barulho na rua. Programas como cozinhar em casa, cinemas e chocolates quente já começam a tomar a cena. Casacos saem das malas e dos armários, as janelas sao fechadas e o vento frio na rua é sentido.

No verão a felicidade parece falar mais alto. Sorrisos no rosto, praia cheia, churrascos, passeios a pé, a vista do por-do-sol, o dia longo. Parece sempre existir tempo para tudo. Um simples dia ensolarado já é motivo para um sorriso. Dia sem trabalho não é mais um problema. No verão, o sábado e a segunda-feira não são tão diferentes assim.

Infelizmente este último verão em Sydney foi muito curto, se fazendo presente apenas em dezembro, janeiro e fevereiro. Apesar disso, dias de 40 graus não passaram despercebidos e a vontade daquele  friozinho ia aumentando aos poucos. Hoje eu me dei conta que aqui estou novamente, no inverno australiano.

É agora a hora de trabalhar, salvar dinheiro e se preparar para as próximas viagens. Frequentar mais as aulas, começar a academia, chegar em casa cansado.  O inverno não é de tudo tão ruim assim. Nós usamos mais o corpo, mas descansamos a cabeça. É engraçado, mas sempre tive a impressão de que somos mais responsáveis no inverno. Precisamos dele para fazer um balanço da nossa vida, e dar uma resgatada nas energias.

Além do que, quem não gosta de curtir um filme ou um livro debaixo das cobertas em um domingo frio de inverno? Ou um chocolate no café da praia, e um cinema com pipoca? Eu amo o verão mas já estava sentindo falta do vinho tinto e das noites de música e conversas na minha casa.

Seja bem vindo, Inverno. 

domingo, 1 de maio de 2011

Descomplicando



Todo mundo já cansou de ouvir pessoas dizendo o quanto a vida é complicada. Até nós mesmos vez ou outra. É normal do ser humano querer sempre além, e se sentir insatisfeito com aquilo que tem. Parece carma, mas quanto mais se reclama, mais a vida se complica.

Muito cômodo colocar a culpa na “vida” se a nossa vida é aquilo que fazemos dela. Não tem segredo, se ela está complicada é porque você está complicando. Depende de nós encarar um fato como complicado e certamente empurrar com a barriga será o primeiro passo para transformar a situação em um problema.

Cá para nós, é muito mais fácil reclamar do que ir a luta. Mas estamos reclamando para quem e esperando o que? Acredite, ninguém irá resolver todos os seus problemas. Já parou para pensar que ao mudar uma situação ruim, a primeira beneficiada, e talvez a única, será você?

Sofremos muito por antecipação e acabamos atraindo aquilo que não queremos.  Reclamamos da rotina, e da falta da rotina. Reclamamos de trabalhar de mais, e de trabalhar de menos. Reclamamos quando saímos muito, e quando ficamos em casa. Reclamamos por ter muitos afazeres e reclamamos do ócio. Reclamamos do muito, do pouco e até do mais ou menos.

Desse jeito fica realmente difícil encontrar a felicidade. Não é na balada de sábado que você vai encontrá-la, e nem em casa. Não é no trabalho, e nem na preguiça. Meio clichê, mas só se encontra a felicidade dentro da gente. Ela está sempre ali, e você tem contato com ela todos os dias desde que acorda. Seja na hora de comer uma coisa bem gostosa, ou em um gesto educado de um desconhecido na rua.

Sei que só isso não basta. Queremos mais. Queremos rir até chorar, queremos abraçar, beijar, gritar de alegria. Queremos todo mundo feliz ao mesmo tempo. Mas o primeiro passo para isso é começar rindo sozinha.

Resgate todo pequeno gesto que te deixou feliz e aumente a importância dele na sua vida. Use sua energia com o que te deixa bem. Esqueça o que te puxa pra baixo. Comece com pouco, e vá vivendo um dia de cada vez.  Mergulhe nos detalhes e na simplicidade da vida e você verá que a felicidade está nas pequenas coisas. 

quarta-feira, 30 de março de 2011

Segunda-feira

                            Almocinho de segunda-feira preparado por mim

É comum ouvir por ai que todo início tem um final. Que tudo que começa, termina. Para mim é o contrário: todo fim é um começo.

Tenho grande simpatia pelas segundas-feiras. Não só porque em alemão Mondag significa o Dia da Lua [que tanto admiro] mas por representar o começo. Nada mais gostoso que começar uma semana que nunca existiu. Posso até ter a impressão de uma semana repetida devido à rotina do dia-a-dia mas todos meus pensamentos e movimentos nunca foram vividos. Estou começando uma semana que ainda não existiu. Tudo que vem é novo. 

Segunda-feira, posso cruzar com um amigo que não vejo a séculos no horário do almoço e relembrar momentos esquecidos, ou então, conhecer alguém que se fará presente nos anos seguintes. Terça-feira, naquele mesmo sofá, depois de um dia cheio, posso encontrar um programa de televisão que me faca dar umas boas risadas ou ao menos, prender minha atenção por algum tempo. E por aí vai. Quarta feira, um novo prato no jantar, quinta-feira, um avanço na aula de Yoga. Chega então sexta-feira. Oba, o fim de semana. 

É apenas o começo do final de semana. O livro está em branco. O ideal seria encarar toda mudança como o início de um novo ciclo. Transformar as perdas em ganhos e as dificuldades em experiência. Esquecer o velho e abusar da novidade. Começar, recomeçar e começar de novo. 

Como diz Martha Medeiros: O que eu fui ontem e anteontem já é memória. Escada vencida degrau por degrau, mas o que eu sou neste momento é o que conta, minhas decisões valem para agora, hoje é o meu dia, nenhum outro.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Blogando

Falar de sentimento não é fácil. Falar, por si só, já requer uma certa organização e coragem. Sentir é natural, é involuntário. E quando as sensações se transformam em palavras podem se perder, podem se transformar, ou podem se iluminar. Mas passá-las da forma mais compatível é uma arte, ou um dom.

Se as palavras pudessem ser livres como os sentimentos talvez não seria tão difícil. O problema é o medo. Medo de falar e ser mal interpretado, ou pior, medo de falar e ser corretamente interpretado. Medo da transparência completa, por que é aí que nos descobrimos. É aí que nos enfrentamos.

Eu sempre gostei de escrever.  É a minha melhor forma de comunicação, quem me conhece sabe. Mas demorei a conseguir colocar no papel, ou melhor, no blog. Gastei um bom tempo tentando saber qual seria o formato dos meus textos, e pra quem eu ia escrever. Depois de tanto pensar e não chegar a nenhum lugar, resolvi simplesmente escrever. Escrever algo que nunca existiu. Algo fora de forma. Que não se enquadra no que já foi criado.

Cada pessoa é diferente, conseqüentemente seus atos serão.  O certo e o errado estão dentro de mim, e o que já existe me serve mais como inspiração e menos como estrutura. O meu segredo é a liberdade. Só o que é livre é novo, arrisca e se forma. Eu não gosto de paredes.